CIA DOS BLOGUEIROS


quarta-feira, 6 de junho de 2012

FLAUDINHO CONHECE O INFERNO


FLAUDILÂNDIA- UMA CIDADE SERIAMENTE GOZADA
DÉCIMO SÉTIMO
FLAUDINHO CONHECE O INFERNO
Plaft! Plaft!  Plaft! Plaft! Plaft!
_ Meu filho! Estão batendo palma, vá ver quem é!
_ Mas mãe, deixe bater mais um pouco para ver se descobre quem está na porta.
Plaft! Plaft!  Plaft! Plaft! Plaft!
_ Menino! Vá logo atender a porta, estão batendo palma! Seja obediente criatura!
_ Ai mãe, mãe, mãe! Ainda não conhece essas palmas? Quer ver só que ela vem com aquela canequinha nas mãos de novo?  (...)  Oi madrinha Flor! A senhora não precisava nem bater palmas aqui na porta, era só entrar, já faz parte da família mesmo!
_ Oh, meu afilhado, como você está, e a sua mãe? O que você está fazendo em casa uma  hora dessa? Não deveria ir para escola?
_ É... deveria, mas hoje eu resolvi não ir.  Estou sofrendo bullying lá na escola, por isso tenho que desenvolver  uma dor de cabeça, daqui a pouco vou ter dor de barriga e calafrios, não vou à escola hoje, pronto! Respondi a sua pergunta?
_ Por que você está sofrendo bullying lá? Quem é que está fazendo isso?
_ Olha madrinha é um montão de  criança lá, sabe? Todos iguais, como eu, mas inventaram que eu tenho que ser diferente deles. E tem mais, dizem lá que eu não tenho pai e que a minha mãe anda com o Zé. Ficam me zoando e por isso eu convidei o meu amigo Pôncio Picasso para jogarmos uma pelada hoje. Eu estou preferindo brincar a ter que ir para a escola.
_ Que é isso, meu filho!? Andando com esse menino!? Não sabe que ele é uma péssima influência? Nem a mãe dele  o aguenta dentro de casa. Se continuar andando com ele vão dizer quem você é realmente.  Ele era  um interno lá na Femau, comandava um grupo para cassar os direitos de implantar as catracas na porta de entrada.
_ Mas... madrinha! É claro que o meu amigo tinha que ter esse perfil hoje, veja o nome da casa onde enfiaram ele, só porque ele xinga a mãe dos outros não significa que ele é mau. Se quisessem que ele se tornasse melhor  teriam que prendê-lo numa casa chamada Febem, não acha?
_ Não acho! E tem mais, menino! Esse negócio de bullying  ai é só ir lá falar com a amiga Durva que  ela  está na dianteira desse problema nas escolas.
_ Madrinha, quem é essa Durva? Por acaso não é Dalva, a estrela Dalva que no céu desponta
_ Não menino! Aí, já está começando a variar, quem falta às aulas fica burro sabia? Não é a Dalva, querido! Dalva é a irmã gêmea dela que, de tão inocente,  foi pro céu, virou estrela.  A Durva, Durvalinda, está trabalhando essa questão da violência nas escolas. É bom a sua mãe ter um dedo de prosa com ela, tenho certeza que irá resolver o seu problema, aí não faltará mais em nenhuma aula. Além do mais, esse negócio de dizerem que você não tem pai,  faça cara de paisagem e finja que não é com você.
_ Quem está ai, meu filho!?
_ Ó mãe, é a madrinha Flor! Não falei pra senhora que as palmas já são conhecidas? Já conheço as batidas da madrinha. É que faz um eco por causa da canequinha que ela traz nas mãos
.
_ Comadre, entre, não fique parada ai na porta!  Vai meu filho, traga uma taça de vinho pra matar a sede da comadre Flor
_ Hum... tô indo! Quer que eu pegue mais alguma coisa  para pôr ai na sua canequinha madrinha
_ Meu filho, faça o que lhe pedi e pare de ficar escutando conversas de adultos!
_ Comadre, desculpe eu vir aqui novamente, na sua casa, até o meu afilhado já está se aborrecendo com as minhas visitas, quase que diárias. É que eu estou novamente  precisando de ajuda, comadre. Sabe como é, secaram a Lagoa das Flores. Agora nem há sapinho e nem assa pão. Onde tinha taboa, tá mal. O que era brejo agora está seco de tudo. Nem peixe, nem lula moluscos e nem bob esponja para enrolar os cabelos e lavar  as panelas,  porque nem ficam sujas, não tenho mais nada para cozinhar. Agora nem precisamos mais atravessar  sobre o mata burro para atravessarmos a baixada ribeira, passamos por baixo mesmo.   Ai, como a vida era boa, agora a única coisa que eu sei fazer é pedir ajuda. Está aqui a minha canequinha, põe o que a comadre tiver que eu levo e faço em casa.
_ Precisa não, mãe! Eu pego lá para a madrinha. Toma aqui a sua taça de vinho, mas não vai entortar o caneco e sair  trololó pela ruas, heim madrinha! E tem mais, quer saber de uma coisa!? Se a sua lagoa secou o que nós temos a ver com isso? Não sabe pescar, não!? Vem todos os dias aqui buscar o peixe! E por que a senhora não se candidata a vereança aqui dessa cidade, do jeito que a senhora tem talento para pedir, vai ganhar  disparada na frente dos adversários, periga até ser  presidenta da câmara de tantos votos que a senhora vai ter. Depois ganha, manda botar água lá na sua lagoa novamente, aí para de vir aqui pedir peixe. O Zé pescou ontem, daqui a pouco ele sai novamente para pescar, aproveita e vai com ele, se ainda não aprendeu, ele ensina a senhora. E se a lagoa da senhora secou, a terra está ótima para plantação, cavuca lá e bota  muda de marmelo, quem sabe a senhora não colhe varinhas para educar crianças?
_ Meu filho, deixe de ser mal educado com a sua madrinha! Ela sempre nos ajudou quando precisamos, nos protegeu, nos trouxe para perto da casa dela quando te perseguiram por causa daquela pedra certeira que você tacou  na cabeça do filho  de Herodes. Fique quieto que essa  privação que a comadre Flor está passando é geral, todos aqui estão passando. E ela já entrou com recursos para devolverem a água da Lagoa. E se a água da lagoa faltar pra ela, falta para todos,  mesmo porque a fonte não pertence a ela, mas à cidade. Pare de falar e  vá pegar as azeitonas pra mim. Vou fazer os pães para a ceia e quero recheá-los. Não precisa esperar aquele mau elemento do seu amigo Picasso, não!  Vai e me traga bastante, bata na árvore que as azeitonas caem, preciso prepará-las para não amargar o pão! Peça bênção à sua madrinha.
_ Mãe, eu não posso ir agora, entrou um prego no meu pé ontem, acho que está inflamado!
_ Deixe de ser mentiroso, muleki! Esse prego só vai entrar no seu pé quando você tiver 33 anos. Vá! A benção da madrina...
_ Deus o abençoe, menino! E vá falar com a Durvalinda que ela resolve o seu problema lá na escola. Não falte mais às aulas senão você vai ficar burro, e vão te chamar de burro, filho de ignorantes, sem falar que  a sua mãe pode ser processada por causa das suas faltas na escola, entendeu, seu burro! Ah... e quando zoarem você por causa do seu pai, diga que ele está viajando, diga a todos que ele é engenheiro e está fazendo a maquete da biblioteca de Alexandria  para a feira de livros que ele está planejando. É chique! Vão babar em você, muleki! Ninguém naquela escola sabe sobre História, não vão nem  fazer relação dessa maquete com a nossa era. E se algum aluno o interpelar  diga que é tudo sofisma que eles se calam na hora. Ah, mais uma coisinha, encomendei o Refrigerante de Jesus, mandei vir lá de Belém pra você reunir os seus amigos na festinha do seu aniversário. Aquele do Maranhão é falsificado, original mesmo só o de Belém.
_ Entendi, madrinha. A senhora tem lábia de vereadora mesmo, se candidate, o mundo precisa da senhora. Tô indo, mãe! Volto logo!
_ Vá com D..., digo vá com cuidado, meu filho!
Sob a oliveira

_ Coisa mais estranha essa história de ter que desviar o assunto sobre  a vida do meu pai. Nem sei quem ele é. Nunca veio me ver. O que ele faz será? Por que será que ele me abandonou, abandonou a minha mãe, que precisa morar com o Zé, coitado do Zé, até que ele é gente boa, mas nunca vai poder dar uma vida melhor para a minha mãe! Vive de fazer banquinhos de madeira. E se ele resolver formar uma outra família, achar uma mulher com quem ele queira se casar, ter filhos com ela. Certamente deixará a minha mãe. Aí eu vou ter que aturar o mau humor dela! Vixi! Acho melhor eu bater logo nessa árvore, derrubar as azeitonas, levar harmonia pra dentro daquela casa, que pensar demais dá xabu! 
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_ Chore não, Flaudinho! Volte aqui, conseguiremos subir juntos e salvar o seu amigo Gengis. Depois dessa proeza vão dizer que você é a azeitona de uma empada, coisa rara isso, Flaudinho! Vamos cortar o seu umbigão e vai degustar um pouquinho da taça da guerra.
_ Não, dona Maria! (soluçando)
Zummmmmm RRRRatzhr    Zaptzz   Zaptzzz
_ O que  é isso,  Flaudinho? Que ventania é essa, parece um furacão, Flaudinho!? Segure-se em qualquer galho desta árvore, Flaudinho!
_ Não consigo, dona Maria! Estou preso, me enrolei no cordão, estamos passando por  uma tormenta, parece que estão batendo na árvore... Ai, ai, suba, dona Mariaaaaa! Adeus....
_ Me dê a sua mão Flaudinho.... Flaudinhoooooooooooo!  Flaudinhooooooooooo! Muleki! Como você pode cair da árvore  desse  jeito!? Se enroscou no próprio umbigo, Flaudinho!?
Plaft!   Plaft!    Plaft!     Plaft!    Plaft!
_ Ai, que  tombaço! Conheço esse chão, esse lugar, essa escrivaninha... essa... essa... Cadê a N.A.P.O? cadê a N.A.P.O? Roubaram o arquivo secreto da cidade? Um rombo! Fizeram um buraco... há um buraco debaixo da escrivaninha, onde tinha a tomada do telefone... eu tinha desligado o telefone...Mas a chave está comigo? Como? Eu estou com a chave e deixo arrombarem a parede e levarem a N.A.P.O? Pra que serve uma chave se quem quer entrar arromba a parede e rouba o que de melhor nós temos? Eu vi que tinha um buraquinho aqui, mas não dei importância, agora ele virou uma cratera,  um rombo... Onde vai dar esse buraco, vou passar por ele... Ai, tudo dói, e esse meu punho parece que está mais quebrado ainda. Buraco escuro, vou entrar e recuperar a N.A.P.O. antes que o meu pai descubra que fomos    roubados. Que eu deixei que nos roubasse. Está escuro aqui... ai... ai... minhas pernas enroscaram no meu cordão, de novo.... socorroooooooo
Plaft! Plaft! Plaft!   Plaft!    Plaft!
_ Ai, que lugar quente. Onde será que é isso?
_ Seja bem vindo, Flaudinho. Esperava por você!
_ Quem é você?
_ Quem acha que sou?
_ Que lugar é esse?
_ Olhe ao seu redor e descubra...
Continua
Rita Lavoyer

Um comentário:

  1. Febem ou Femau... até por lá chegou o "bullying"... o sonho da vereança... mais uma no venha a mim? ... Arquivo secreto? Eta politicagem... acho que candidatar-me-ei na Flaudilândia...
    Bj. Célia

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