CIA DOS BLOGUEIROS


quinta-feira, 17 de maio de 2012

UM EDIL ECOLOGICAMENTE CORRETO

Flaudilândia- uma cidade seriamente gozada
 A primeira novela blogal

Décimo quarto capítulo

UM EDIL ECOLOGICAMENTE CORRETO 

_ Seu Gengis, se subir por esses galhos da árvore pode encontrar uns homens de farda que não têm cara de gente boa, não! Eles me perguntaram se eu era de algum regime  e por que eu era tão magro. O que eu  pude responder é que eu era do regime alimentar, afinal de contas eu nasci ontem e até agora eu não comi nadica de nada. Nem bebi também. Até que eu poderia ter experimentado daquela água do galão que o seu cavalão tomou, mas não sobrou nem um golinho... Espero que a dona Maria esteja certa nessa confiança de que iremos encontrar cachoeiras pelos atalhos. Foi isso mesmo, dona Maria, que a senhora disse?

_ Se tiver a gente seca, ou melhor, disseca a coisa! Como é que pode ter nascido ontem se fala, tem pelos pelo corpo e... observando-o bem o seu aspecto, até que é  uma coisa bem diferente mesmo ... indecifrável... Tá pensando que é bonito ser feito, bicho feio? E essa corda pendurada na barriga, pra que serve isso?

_ Olha, dona Maria, com todo o respeito que lhe tenho,  porque a senhora é uma dama, né não seu Gengis?

_ Ôôôôôôô!

_ Continuando... Dona Maria eu nasci ontem sim, senhora! Nasci em uma biblioteca e a minha mãe me deixou lá para eu me virar, aprender a viver e me tornar um guerreiro. Tenho um manual que ainda não li, porque sou atendente de telefone e tem muitas ligações que eu tenho que anotar nas agendas dos meus familiares. Sabe dona, a minha família tem uma empresa de desentupimentos e tem uma dona que liga muitas vezes, ela me atrapalha demais o serviço. É por culpa dela que eu não consegui ler o meu manual ainda, mas logo que eu  subir e assistir à pelada lá de cima, que tem até um menininho gente boa lá  que toma vinho logo de manhã, quando eu voltar dessa passagem eu vou estudar todo o meu manual e vou provar que posso ser um guerreiro de verdade, como o meu pai é, e da mesma forma como os meus irmãos, os mais velhos, conseguem ser. O meu pai terá orgulho de mim, eu tenho certeza disso.

_ Há há há há  há há! Aberração, como é esse seu pai? E por acaso ele teria coragem de dizer que você é filho dele?

_ Flaudinho, dê ouvidos a essas perguntas não, muleki! Vamos subindo que até eu já estou angustiado para assistir logo a essa pelada.

_ Olha, seu Gengis, o menino gente boa lá de cima disse que já tem um outro menino que vai jogar com ele, é um tal de Poncio Picasso, o restante dos jogadores eu não sei quem é, não! Mas ele já deve ter formado o time, com essa demora que estamos enfrentando para chegarmos lá, perigoso a pelada já ter acabado, não acha dona Maria?

_ Acho não, muleki! Jogo não começa sem plateia, dependendo do artista, quanto mais plateia melhor. Os olhos vibram ,querendo saborear cada olhar dos que o veem.

_ Uai, dona Maria, e isso não é justo? Pra que existe o jogo então? Ele não é uma arte do corpo e a bola? E qual a finalidade da arte senão amenizar as verdades da visão? Joga-se,  quem ganhar, ganhou!

_ Não senhor, seu muleki besta! Arte é saber jogar, ainda sabendo que se pode perder!

_ Flaudinho, dê ouvidos a ela, não! Arte é saber perder para poder entrar num jogo e comemorar a vitória com gosto.

_ Mas vocês dois não podem ser menos complicados, não!? Dona Maria, se a senhora acha que saber jogar é uma arte, mataria para ganhar um jogo?

_ Preciso viver este jogo e conhecer a importância dele para tomar uma decisão dessa.

_ Sei Gengis, o senhor que já me disse ter vencido tantas batalhas com esse seu cavalão, saberia perder alguma? Então por que continuo jogando, não era para  conquistar a vitória? Se tivesse perdido teria  achado  a derrota uma arte?

_ Não perdi nenhuma batalha para poder responder isso para você, Flaudinho. E pare de perguntas bestas senão perderemos o rumo da subida.

_ Tá bom, não pergunto mais sobre o jogo, mas tome cuidado, parece que esse cacho tem gente demais dormindo. Essa árvore genealógica de Flaudilândia é mesmo uma graça. Eita jardineiro atrapalhado que fez isso! Mais um tantinho de distância daqui tem uma figueira nascida nesta árvore.   Olha ali, dona Maria, moçada de cara pintada dormindo! Pode?

_ Vai ver acabou a água daqui também e não puderam lavar a cara  KKKKKKKKK

_ Hum... tá!? Lá em Flaudilândia, eu tenho um tio que quando ele nasceu a minha avó olhou pra a cara dele e não teve dúvida. Disse – assim ouvi dizer- “ Esse meu filho tem cara de edil. Vai se chamar Edil. Pronto!” Seu Gengis, Dona Maria, e não é que a minha avó estava coberta de razão!?
O homem é edil desde quando nasceu, encarnou a coisa e não tem quem o tira do edilado, digo reinado. Mas ele é  um homem  que protege a natureza. Ele é o mais ecologicamente correto da turma. Ele até recebeu um apelido, combina com ele toda vida. “Edil -de mal da Madeireira” Detesta serra, serrote, machado, ele quebra o pau por causa dessas coisas. Lenhador passa longe dele. Ponte pra ele, só de ferro, madeira não! Defensor incondicional da natureza, gente boa meu tio, descartou  um tablet porque é um recurso que pode comprometer a  camada de ozônio, o escondeu dentro de uma gaveta para proteger o céu, negócio dele é papel mesmo, no duro. Ele é tradicionalmente a favor da floresta.
Olha pra frente com esse seu cavalão, seu Gengis; dona Maria, tome cuidado também, bem aqui tem uma serra pendurada. Sei não o que significa isso nesta árvore. Talvez seja um aviso de que não se deve cortar os galhos de árvore nenhuma, principalmente desta. Se tentaram, foram-se os dedos, ficou a serra.

_ Flaudinho, será que não foi esse seu tio que pôs a serra aqui ? KKKKKK Nunca antes na história de  uma árvore tinha visto isso KKKKKKK

_ Dona Maria, do tempo que eu nasci - desde ontem -   somente eu subo nesta árvore. Sei não... só se...  

_ Flaudinho, acho que chegamos nos fardados.

_ Seu Gengis,  eu falei pra pôr GPS no cavalo,  o senhor me disse que sabia conduzir as rédeas dele sozinho, olha aí agora! Quanta gente armada,  Dona Maria se proteja, esconda o facão e  faça cara de gente boa...

_ Desce desse cavalo, seu estranho! Que roupa é essa? Está disfarçado de artista de circo? Revistam-no, pode trazer bomba debaixo da roupa!
E essa aí, cheia de munição, está promovendo um motim, sua conspiradora? Esse menino com vocês? Heim! Vocês dois são pessoas que comem criancinhas, não são!? São sim e calem a boca os três, agora! Agarrem-nos e conservem o cavalo! O homem disfarçado de Príncipe levem-no para o castelo Castelo Branco logo ali no outro cacho!

_ Não! Seu Gengis! Deixem ele, não podem fazer  isso ! Estamos apenas subindo...

Ploft! Frumg! Scriptm!   Ratátátátátátá!

_ Dona Maria, eles levaram o seu Gengis para aquele castelo branco lá de cima, eu já passei por lá uma vez, parece castelo onde gravam filmes de terror. Coitado do seu Gengis, gosto tanto dele!

_ Para de reclamar, muleki! Seja corajoso e enfrente o perigo, apanhe com raça. Lute até que todos sejam derrubados deste cacho, agora é a hora de  você começar a fazer sua história, Flaudinho!

_ Calem a boca vocês dois! Vamos jogá-los na arena, o nosso serviço de inteligência vai adorar estudar essa coisa estranha.  O cavalo levem-no  para o nosso comandante, que sempre preferiu cavalos à gente! Não precisa, ele já está chegando.

_ Senhor, pegamos este cavalo para presenteá-lo, o dono dele, um homem com bombas amarradas pelo corpo todo, já o mandamos para o Castelo, essa mulher está promovendo um motim  e também traz muitas armas pelo corpo. Eles confessaram que comem criancinha e essa aberração aqui seria para a próxima refeição.

_ É mentira!  

Pfloft!
– Cale a sua boca, menino estúpido!  

_ Amordacem os dois! Hum... Parece que o cavalo está machucado bem na perna esquerda, melhor mesmo que não seja na direita. São pessoas perigosas, fazem isso com um cavalo, que é melhor que qualquer ser humano, imagine o que não fariam com as pessoas... Surrem os dois, mandem fazer o mesmo com o homem das bombas.

_ Flaudinho, agora é a hora de mostrarmos a nossa arte e entrarmos no jogo, mesmo sabendo que podemos perder. Vamos Flaudinho! Lute e derrube esses homens da árvore.

_ Dona Maria....  eu não...

_ Rápido, Flaudinho! Pegue o meu facão,  senão as nossas cabeças vão rolar, vão fazer bolas com elas e vão roubar o cavalo e perderemos o jogo... Vão matar o seu Gengis também ... Flaudinho  !!!!!!!!!!!!!

_ Dona Maria, o meu punho dói ...e pra que derramar sangue se...

_ Flaudinhoooo!!! Esqueça a sua dor, corte a cabeça dele, ele gosta mais de cavalo do  que de gente, vão nos matar! Imagine o sangue um liquido transparente, feche os olhos para a pleteia,  vamos Flaudinho, corte,  agora !!!!!!!!!!!!!!

Continua

Rita Lavoyer

2 comentários:

  1. Seus comentrilhos, digo, trocadários... Correção sem travalínguas: Seus jogos de palavras sào uma delícia... Quem não sabe disso é o Flaudinho, que se não está apertado entre as hordas... entre as cordas, está sendo metido na caçamba à forca... à força...

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  2. Que aventura! "Milico à vista"... é regime na certa... tadinho do Flaudinho, como sofre! E, ainda aparece uma "dama na militância" (?) Seria uma personal stylist ou nutróloga para o regime (?)
    Acredito que a "torcida da pelada será embalada por..."eu quero tchu / eu quero tcha"... O Picasso como dançarino-mór... sucesso garantido nas "peladas da vida".
    Agora, me poupe... Flaudinho, assassino (?) de facão na mãoe tudo... NÃO!! Isso NÃO!! Melhor ele descer dai e ir jogar seu vídeo game ou ler o seu famigerado "manual" para ou relaxar ou tentar entender o mundo em que foi inserido! Ô dó do coitado! Muita calma nessa hora! [rsrs]

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