CIA DOS BLOGUEIROS


sexta-feira, 25 de maio de 2012

UMA CABEÇA NO OUTDOOR DOS NAVARONE

Flaudilândia – uma cidade seriamente gozada.

Décimo quinto capítulo

UMA CABEÇA NO OUTDOOR DOS NAVARONE


_ Aaaaaaai!  Socorro, estamos batendo  nas galhadas, dona Maria....

_ Se agarre aí, Flaudinho, estamos voltando, acho, pro ponto de onde saímos, Flaudilândia!

Você ainda está com a minha arma, mate-o, Flaudinho!

Ploft!

_ Acho que paramos de cair, dona Maria!

_ É, paramos! Mas que cara é essa, muleki! Feche a boca! Vai ficar com esse queixo caído? O que foi? Nunca viu alguém perdendo  a cabeça? Vamos, muleki, reaja!  KKKKKKKK
O que é isso escorrendo pelas pernas, Flaudinho? Você está mijando na fralda, é?

(Olha a cara do Flaudinho KKKK)
_ Bem... dona Maria, é que eu ainda não fiz nenhuma refeição, desde ontem quando eu nasci não comi nadica de nada. Se eu tivesse experimentado algum alimento, além de ter feito o número 1 na fralda, estaria fazendo também o número 2 na mesma proporção. Olha a situação humilhante, dona Maria, em que eu me encontro. Lutei com um homem e saí rolando árvore abaixo...

_ Xiii, vamos parar de lamentações, muleki! O que foi feito, já está feito, ou era um ou outro! Agora acabou., Vamos ver se conseguimos sair desse... desse... o que é isso, Flaudinho, onde viemos parar?

_ Dona Maria isso é um outdoor. Ainda bem que o meu tio  emplacou ele e a minha tia bem aqui nesta avenida, senão nós íamos nos espatifar caindo lá de cima da árvore com esse velho aí. Olha, Dona Maria, o cavalo nesta história foi mais esperto do que nós, ficou quietinho lá em cima espiando a nossa luta com esse fardado adorador de cavalo. Olha só que coisa, a cabeça do homem ficou fincada bem no lugar onde tinha a cara do meu tio, coisa mais engraçada do destino, não acha não, dona Maria?  

_ Não estou entendendo, estamos em cima de um outdoor que tem a cara do seu tio e da sua tia?

_ É, sim senhora! Mas agora não é mais a cara do meu tio que está aqui na fotografia do outdoor, é a cabeça do homem com o qual rolamos da árvore. Dona Maria o homem perdeu a cabeça...

_ Perdeu nada, Flaudinho! Esse daí já tinha perdido a cabeça faz tempo!

_ Não entendo muito do que a senhora está falando, não! Mas pelas leituras que eu fiz nesse um dia e poucas horas de vivência na biblioteca de Flaudilândia, eu sei que tem um homem, coitadinho, comia gafanhotos  no deserto, que ele também perdeu a cabeça. Diz lá na História que foi  uma tal de Salomé que pediu a cabeça do rapaz, a senhora conhece essa História, dona Maria?

_ Hum... Não!
_ Do cacho de onde a senhora saiu não tinha livros para leituras? Não curti leituras, dona Maria?

_Hum... Por quem me toma, muleki!? E esse tio aí, faz o que na história do outdoor?

_ Não, dona Maria! Ainda bem que não foi a senhora que cortou a cabeça desse aí, né! Senão eu ia chamar a senhora de Salomé KKKK.  Ele perdeu a cabeça sozinho, né!  Batendo o pescoço na armação, né!? Voltando à pergunta da senhora. Esse meu tio aí achava que estava sem crédito, ele mesmo disse, por isso arrumou uns trocados, né! Fez esse outdoor para pôr nesta avenida de Flaudilândia para os flaudilandenses se lembrarem dele e da minha tia, né!

_ Se lembrarem por que? Foi alguma celebridade que caiu no esquecimento dos seus súditos?
_ Uai, logo vê mesmo que a senhora não é de leitura nenhuma, nem de filme mesmo, né! Isso é problema de complexo, não o complexo B, mas de Navarone. Digo, dos canhões de Navarone.  Olha, dona Salomé...

_ Mariaa!!!!!!

_ Calma, não precisa gritar! Pega até mal uma dama como a senhora fazer isso! Desculpe, não quis confundir, mas confundi. Acontece! Tem uns pentatioavôs meu, daquele lugar lá onde usavam túnicas brancas e iam discutir sofisma em praça pública, aquele lugar lá tinha dois supercanhões   num rochedo inacessível exatamente na ilha Navarone. Então, os meus pentatioavôs, para não perderem a cena e honrarem o nome, quiseram que um filho deles fosse estrela de cinema. Tentaram, mas só sobrou o papel de figurante pro coitado. Aí ele ficou  traumatizado, com tal complexo de Navarone, de que não tinha crédito e de que ele e a esposa eram os dois canhões da ilha, de tão feios. Acha, dona Salomé, fazendo bullying com eles mesmos, pode isso?
Por causa disso, resolveram estampar com efeitos ultraespeciais essa foto do casal aqui no outdoor, para que ninguém mais os veja com cara de canhões. Gente feia não existe mais, é tudo questão do ponto de vista. Agora, com essa cabeça do careca enterrada bem em  cima do pescoço do meu tio ficou chicoso demais! Mais bonito do que o meu tio mesmo, não acha, não, dona Salome!? Putz, esse meu tio era um canhão mesmo! Tá louco, depois dessa só mesmo indo buscar os dois canhões lá da ilha de Navarone, porque o do outdoor tá furado com a cabeça do outro! Afff! Que cena de cinema, cara!  Tô rindo  há há há há há

_ Vai rindo, muleki, que vou te estourar se trocar o meu nome novamente, entendeu? E agora trate de escalar essa árvore novamente, que temos um velho lá em cima esperando por nós. Coitado do cavalão, vamos ver se conseguimos salvá-lo, pelo menos ele, porque eu quero assistir a essa pelada, custe o que custar.

_ Então tá, dona Mariiiiaaa! Vamos subindo. E aí, vamos deixar a cabeça do cara aí?
_ Deixe que o seu tio cuide dela kkkkkkkk

_ E não é que é?
_ E não é que foi, Flaudinho!

_ Dona Maria, tenha a gentileza de fechar os seus olhos, porque eu preciso trocar a minha fralda, se lembra, né! Ela ficou molhada naquela questão lá em cima. Mas por favor, segure aqui essa chave, ela é da biblioteca  de Flaudilândia onde eu fico para atender os telefonemas...

_ Que é isso, muleki! Vou segurar chave mijada,  nada! se vira, ou então amarre-a nesse teu umbigão horroroso que você tem. O máximo que eu posso fazer por você é fechar os olhos para não ver a coisa feia que você é! E  vamos logo que tenho pressa.

_ Sim senhora, é rapidinho. (alguns minutos) Pronto, dona Maria. Podemos subir.
_ Para onde vamos agora?
_ Direta já, dona Maria, precisamos salvar o seu Gengis.
_ O cavalo fica comigo, Flaudinho.
_ Hum... a senhora está com ciúmes do cavalo, está?

_ Que é isso, sua anta? Como eu vou ter ciúmes do cavalo?

_ Uai,  foi com o cavalo que o seu Gengis ganhou todas as batalhas dele.  É por isso que ele se veste com aquela indumentária toda, ele se sente um príncipe sentado no seu trono. O cavalo é o trono do eu Gengis. Sem os coices do cavalão acho que o seu Gengis não teria ganho batalha nenhuma viu,  dona Maria! É por isso que ele é um guerreiro, sabe usar bem os cascos. Tem razão aquele homem da farda gostar mais de cavalo do que de gente. Vai ver tem cavalo que tem mais crédito do que gente mesmo. E nem precisa tirar foto pra fazer serviço nenhum.  E do mais, cavalo nem tem complexo, por isso não perde a cabeça.

_ Cale a boca,  estrupício. E suba. Já estamos quase chegando e passe rápido nessa direta aqui que tem gente demais, podem nos atrapalhar a subida caso despenque alguém do cacho.  Pronto, Flaudinho, chegamos no cavalão. Eita, que o bicho não perdeu tempo heim, cavalão!? Olha aí, todo molhado. Cachoeiras são fáceis de serem encontradas pelas trilhas, Flaudinho. Eu disse.

_ É dona, Maria. Quando eu encontrar uma vou matar a minha sede bem na fonte. Mergulhar nela. A senhora sabe que eu ainda não tomei nenhum banho de quando eu nasci?

_ Percebi, teu cheiro é horrível!

_ Dona Maria, mais um pouquinho e chegaremos ao castelo dos horrores, acho que lá gravam filmes de terror. Meu tio Navarone não quis filmar aqui não, não aceitava  mais o papel de figurante, só o principal. Trauma não se discuti. Passou reto. 

_ Vamos, Flaudinho, você fala demais. Puxe o cavalo que ele está mancando, ninguém vai poder trepá-lo!

_ Uai, que é isso, dona Maria!? Cavalo manco não é aleijado, não! Vai querer invalidar o trono do seu Gengis, é?

_ Não é nada disso, seu animal! É para proteger o cavalo que faço isso!

_ Dona Maria, o castelo é esse, todo branco, como vamos fazer para tirar o seu Gengis de lá?  
_ Atacando, Flaudinho! Atacando!

_ Eita, mulher, sô! Guerreira invejável! Gosto demais da senhora, ainda mais querendo salvar o seu Gengis, mostra que a senhora é gente boa toda vida.

_ Cale a boca,  criatura burra. Entre logo lá, vou ficar esperando aqui com o cavalo.

_ Mas... dona Maria... não é a senhora que vai atacar?

_ Com uma isca como você, vou arriscar o meu pescoço pra quê? Entra lá no castelo, agora! Tanto faz pra mim você voltar ou não de lá, sozinho ou acompanhado. Vou esperá-lo aqui nesta sombra, se demorar muito, pego o cavalo e dou o fora. Subo sozinha para a pelada. Gosta do velho ou não!?

_ Dona Maria, a senhora pode, por favor, segurar a minha chave. Se  acontecer alguma coisa comigo a senhora vai  lá abrir a biblioteca de Flaudilândia que eu tranquei para subir nesta árvore?

_ Não! Leve isso com você e se lasque com ela. Suma daqui, agora, seu muleki encardido!

_ Tem guardas na porta, dona Maria!
_ Seja invisível, como o sangue que caiu há pouco! Prove que consegue deixar de ser burro uma vez pelo menos.

_ Vou entrar rastejando, feito cobra...


Rita Lavoyer

continua





Um comentário:

  1. kkkkk... galhadas e cabeças rolando... hum... ai tem! Cachos e diretas já... ou vai rolar um impeachment? Esse Flaudinho cada vez mais nos surpreende... tá entendendo até de outdoor patenteando a família! Esse vai longe!
    Bj. Célia.

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