CIA DOS BLOGUEIROS


quinta-feira, 10 de maio de 2012

FLAUDINHO CAIU DO CAVALO E VIU SANGUE TRANSPARENTE

Flaudilândia- uma cidade seriamente gozada
 A primeira novela blogal

Décimo terceiro capítulo

FLAUDINHO CAI DO CAVALO E VIU SANGUE TRANSPARENTE

_ Seu Gengis, é melhor pôr GPS no seu cavalão sangue puro para ele não errar o rumo da subida. Avise a ele também que não pode pisar nos cachos, mas se pisar, pisar de vagarinho porque tem gente de todas as qualidades em cada cacho dessa árvore, entendido cavaleiro?

_ Entendido uma ova, muleki, cala a tua boca que quem comanda as rédeas do meu cavalo sou eu mesmo, eu o conduzo para onde eu quero ir e nunca cheguei a lugares sem que eu não tivesse, antes, planejado o traçado. Um bom guerreiro traça as suas manobras antes de ir para a guerra. Se  quiser sobreviver, muleki, aprenda a mapear as situações do conflito. Corte a facão o que, por ventura, poderá ser um obstáculo para o seu intento. Perfure os dedos e deixe escorre abundante o sangue que te sobra nas veias. Vá se acostumando com a cor vermelha e procure entender os pigmentos que a compõem, porque  em  uma batalha terá que derramar sangue e vê-lo de muitas cores imaginando-o diferente do seu, para não sentir pena e terminar a sua luta com vitória.

_ Mas seu Gengis, hum... desculpe... cavaleiro, é assim que se vence guerra, é? Já li muitas coisas sobre guerreiros e guerras nesse um dia e algumas horas da minha vida em Flaudilândia, mas não seria melhor, antes de investir contra ... posso dizer... contra outra situação tentar uma solução diplomática? Lá em Flaudilândia....

_ Cale a tua boca, espermatozóide de grilo! Pedi a tua opinião de ser estranho  que vegeta na escuridão das trevas, por acaso? Você sabe com quem você está falando, bicho peludo e pelado? Você me dá asco, mas é engraçado ao mesmo tempo. Nunca antes na história das minhas andanças por conquistas tinha visto bicho mais feio do que você. Vamos cortar esse umbigão da sua barriga? Coisa mais estranha... Nunca antes na história de coisas feias tinha visto uma coisa mais feia do que você. Bicho, tu é feio demais, bicho!

_ Eu, heim... Seu Gengis, com toda essa delicadeza que traz no seu trato com os bichos  feios, diga uma coisa...  tem família?

_ Você sabe com  quem você está falando para me dirigir perguntas, por acaso?

_ Com o seu Gengis, não é? Um cavaleiro, um guerreiro que monta um cavalão que dá coices da melhor qualidade para vencer batalhas e desbravar horizontes,  acertei?

_ Cala a boca, bicho burro. Vamos, meu sangue puro, que a pelada nos espera.
_ O seu cavalo não tem nome, não?

_ Como você se chama mesmo, muleki?

_ Flaudinho, filho do Fudêncio mor.

_ Então tá! O meu cavalo se chamará Flaudinho agora.

_ Eu, heim ... Eu tenho  um manual que deveria ler para a minha sobrevivência. Esse cavalo por acaso tem um também?

_ Há há há há há.... Você tem um manual, berração da natureza? Nunca antes  na história dos nascentes alguém teve um. Quem o escreveu pra você, a mamãezinha, foi? Tá ferrado, muleki!

_ Vamos Flaudinho, meu cavalo sangue puro, avante que eu preciso assistir a uma pelada.

_ Flaudinho sou eu. O seu cavalo é apenas cavalo. Pode dar outro nome a ele, por favor?

Ploft! Poing!

_ Você sabe com quem você está falando,  muleki?  Quer levar outro  soco e rolar árvore abaixo até ver o teu sangue correr de outra cor na raiz da  tua espécie?

_ Não, senhor Gengis. Pode chamar o seu cavalo de Flaudinho mesmo. Eu não ligo. Não!

_ De jeito nenhum! Está ofendendo uma espécie que vale ouro. Flaudinho é nome de covarde. Não humilharei mais o meu cavalo chamando-o dessa forma! Quer ser guerreiro, muleki!? Seja forte e suporte as investidas da vida, dos braços e dos punhos fechados em riste! Levante-se, vamos!  Caído, dessa forma que está, poderá quebrar um galho da árvore e esparramar gente adormecida por todos os cantos deste teu livro.  Sobe de novo na garupa do meu cavalo sangue puro. Ele te aguenta.

_ Obrigado, senhor! É muito gentil da sua parte me dar uma carona para chegarmos há séculos lá em cima da árvore. Cuidado, seu Gengis. Tem uma coisa estranha se mexendo. Vixi!  O seu cavalo sangue puro está dando pinote. Segure, seu Gengis, seu cavalo endoidou. Se agarre ai num galho que o bicho  está desorientado. Se firme num galho que eu me seguro por aqui.

_ Fique tranquilo, muleki, que eu já enfrentei tempestades maiores. Acho que ele não está  acostumado com essa era em que nos encontramos. É                                                                                                                                                                                aquela mulher ali na frente que está assustando o meu cavalo.

_ Olha, que a mulher parece uma cangaceira! Tem faca e facão. Roupa de couro, lampião amarrado no corpo e tudo mais. Será que é uma mulher que põe fogo no mundo?

_ Se for a gente joga água nela e a brasa apaga loguinho.

_ Uai, seu Gengis! Vai arrumar água aonde por aqui? Nem subimos um galho sequer, ainda estamos em Flaudilândia, o senhor está andando em círculos com esse e cavalo sem GPS, como vai arrumar água. Se esqueceu que o boi ficou entalado no poço e o ribeirão foi desviado?

_ Viado? Quem foi o veado que fez esse desvio para o meu cavalo não poder beber água  cristalina?

_ Vão pra onde, cabras da peste?

_ Vote! A mulher está perguntando. Acho que a pergunta foi pro senhor, seu Gengis.

_ Acho melhor você responder, Flaudinho! Ela é da sua era, já que, como disse, não saímos ainda de Flaudilândia.

_ Oi, dona! Mulher nova, bonita faz o que sozinha por aqui?

_ Quem fez a primeira pergunta foi eu, me responda, Vão pra onde?

_ Olhe, dona, melhor a senhora abaixar o seu facão. Nós vamos em paz, viu!

_ Pra onde, seu parasita? Perguntei pra onde?

_ Vamos ver uma pelada lá nos cachos de cima da árvore. Se a madame quiser nos acompanhar, será prazer, não será não, seu Gengis?

_ Uuuuuuuuuuuu! Nem te conto!

_ Quem é o japonês ai, criatura estranha?

_ Ah, ele me disse que não é japonês, não! Mas o zoinho dele não nega, a madame não acha?

_ Já disse que não sou japonês, seu mongol!

_ Calma, seu Gengis! Mas que a sua cara não nega, ah, isso é certo. Até a madame o confundiu com um japonês.

_ Não confundi nada, criatura estranha, esse outro do animal pisou a minha cabeça. Vocês não olham por onde andam com esse cavalo estúpido!?

_ Estúpido não! A senhora vê lá como se refere ao cavalão do meu amigo Gengis. Aliás, seu Gengis. Acho bom o senhor descer um pouquinho do seu cavalo. Ele pisou a cabeça dela mesmo, por isso ele estava dando pinotes. Coitadinho dele, mas coitada dela também, né, seu Gengis. Peso de cavalo na cabeça não deve ser fácil não!

_ Do que você está falando, Flaudinho?

_ Oh, me chamou de Flaudinho? Muito obrigado, senhor!

_ Ele está querendo dizer, seu japonês falsificado, que eu cortei a perna do teu cavalão bonitinho aí! Não está vendo o vermelho dele derramando nos ares?

_ Oh! ô! Hó! AAAAii!  Ai ai ai ai ai! Sua cangaceira da peste! Guarde o seu facão, sua.. sua... sua !!

_ Eu, heim! Para de chorar, seu Gengis! A dona está morrendo de rir do seu choro. Qual é a graça da donzela que fez o cavalão do seu Gengis sentir dor sem gemer?

_ Maria! Vai ser difícil memorizar?

_ Vai ser não, senhora! Agora vamos tratar de arrumar o que se pode ser arrumado ai na perna do cavalo do nosso amigo, antes que ele morra junto como cavalo, aí ninguém  conseguirá assistir a pelada nenhuma lá em cima.

_ Pelada?  Você está falando pelada? Adoro pelada!

_ Uai, seu Gengis também gostou da ideia de subir para assistir a  uma. Se a madame nos der a honra de nos acompanhar, podendo guardar o facão a gente agradece.  Como está o cavalão ai, seu Gengis, dá para subir com ele mancando mesmo?

_ Olha, o senhor me desculpe, eu não queria machucar o seu cavalo, aliás eu acho mesmo que tem animais bem melhores do que os donos, mas ele pisou a minha cabeça, e quando isso acontece, homem, eu fico doida! Corte um pedaço dessa sua indumentária e amarre na perna dele que logo logo esse corte cicatrizará. Pode ser que o seu cavalo manque pelo resto da vida. E se ficar com dó, pega o burro e o leve nas costas e faça da sua historia uma fábula. Dá certinho: Um velho, um burro e um menino. Criaturas estranhas, mas fantásticas para uma fabuleta.  

_ Não dona, a senhora conseguiu ferir o meu íntimo. Meu cavalo é um amigo verdadeiro.

_ Não chora, seu Gengis. Olha, a madame do facão já pediu desculpas, ela não fez por maldade, foi um reflexo da pisada que o seu cavalo deu na cabeça dela, por isso ela o atacou. Olha, o seu cavalo é um guerreiro de verdade, nem parece que o sangue dele foi derramado. Nem vejo nada vermelho caindo, pra mim é um liquidozinho transparente, daqui a pouco não terá mais corte e nem sangue e  vamos logo, porque eu quero ver a pelada lá em cima. Vamos, dona Maria...

_ Ela não trepa no meu cavalo, se quiser vá a pé!

_Eu lá sou mulher de pegar carona em barco furado, digo, em cavalo manco? Além do mais, tem muitas trilhas por ai, posso pegar qualquer uma delas. Se ficar com sede, pego um desviou, que qualquer um deles tem uma cachoeira.

_ Escute, seu Gengis, vamos seguindo os passos dela, mas ela vem nos seguindo, conseguiu entender? É por causa da cachoeira, vai que dá sede no cavalo , a gente para e dá de beber a ele.  Então tá, dona Maria, o seu Gengis fez que 'sim' com a cabeça. A senhora vem nos seguindo, mas tome cuidado a senhora também para não  pisar as cabeças das pessoas  penduradas nesses cachos. Vai que né... nova, bonita e ... carinhosa no trato como a senhora é... pode achar alguém mais esperto do que a senhora na arma, aí óóóóó! Kkkkkkk  não vai  ver nenhuma pelada.  Ah, Maria do que mesmo?

_ Não te interessa!

_ Eu, heim... Seu Gengis, é Gengis do que mesmo?

_ Não te interessa!

_ Eu, heim... quem serão esses dois? Depois dessa acabei até me esquecendo dos telefonemas. Conferindo: a chave está aqui, as fraldas  também... Vamos subindo...

Rita Lavoyer

continua

2 comentários:

  1. Ah, a transparência... Mesmo que sangrada seria positiva... (?)

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  2. ... Incógnito esse capítulo! Quedas. Cavalos & Trepadas. Transparências.Peladas & Sangue. Nas aventuras do Flaudinho ele mesmo anda tirando suas conclusões entre humanos e animais. Sábio esse protótipo de gente! Sempre é uma diversão garantida sintonia total no GPS da Flaudilândia.
    Bj. Célia.

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