CIA DOS BLOGUEIROS


sexta-feira, 4 de maio de 2012

A PREOCUPAÇÃO COM A CHAVE E A SECA DO RIBEIRÃO

Flaudilândia- uma cidade seriamente gozada.

a primeira novela blogal

décimo terceiro capítulo


A PREOCUPAÇÃO COM A CHAVE E A SECA DO RIBEIRÃO

Quer saber de uma coisa, o dia já amanheceu de verdade. Acho que todos já tomaram o café lá dentro, de um dentro que eu não sei onde é e nem como é. Escuto somente o silêncio. Bem, acho que  eu vou tirar esse telefone da parede, vou puxar o fio da tomada, aí ninguém escuta nada, nem eu. Vou voltar lá para a árvore para assistir aquela pelada.

Vamos ver! Fica embaixo da escrivaninha. Hum... aqui está a tomada... mas o que é isso? Parece que a parede está sendo demolida e eu nem vi isso acontecer desde o dia de ontem quando eu nasci? Estranho esse buraco aqui, bem ao lado da tomada do telefone. E está  bem sujo de concreto aqui debaixo. Parece que é um buraco recente, a sujeira do reboco ainda está aqui no chão. Mas... se isso aconteceu ontem... será que foi  antes de eu nascer? Só pode! Depois que eu nasci não ouvi nenhum barulho aqui na parede. A não ser que.... quando eu subi na árvore por diversas vezes, tenha me distraído e... não ! isso não pode ter acontecido! Ah, isso é sujeira acumulada debaixo da escrivaninha. Se fosse em outro episódio, diria debaixo do tapete. Vou perder tempo com isso, não! Sujeira não é coisa para um filho de Fudêncio Mor, digo, Flaudiêncio. Se bem que quem fez isso é da família, mais ninguém passa pelo atendimento...

Ah, quer saber Flaudinho? Buraco escondido ninguém vê mesmo. Quem é que vai se preocupar com ele. Bem... acho que tenho que providenciar mais fraldas, essa daqui já está bem suada. Para não desperdiçar livros, vou  usar as folhas desse que eu já  comecei a arrancar. Prevenir é o melhor remédio.

Vou lá. Mas antes... vou trancar a porta desta biblioteca. Vou impedir que alguém entre aqui e incomode a minha pelada que eu vou assistir lá na árvore genealógica. Isso! Vou passar a chave na porta. Terei que ser responsável. Cuidarei da chave como quem cuida da própria vida. Essa chave não poderá sair de perto de mim. Vou guardá-la dentro da minha fralda. Não existem duas chaves iguais. Logo, sou o guardião deste ambiente agora.
Só eu tenho a chave.

Aff! Se não fosse esse meu punho que dói tanto, já teria feito o regaço em cima dessa árvore genealógica. Mas isso não será obstáculo para eu subir mais um pouco nela. Agora eu vou pegar outro caminho para chegar lá naquele povo que toma vinho logo de manhã. Onde já se viu uma coisa dessa!? Criança tomando vinho? Se bem que... se é uma árvore dos descendentes de Flaudilândia, aquele vinho lá deve ser da vinícula Bosco.   “Olhaí Bosco”.
De um  tio do meu pai, herança de família, veio mudando o nome do rótulo. Antes era São Bosco, depois Bom Bosco, agora é Olhaí Bosco. Muda o nome do rótulo, mas o produto é o mesmo. Vinho dessa natureza tem jeito de insosso, parece que não faz mal a ninguém, não cheira e nem fede.
Mas padre adora encher a cara com ele, ficar grogui e depois sair gritando que tem gente que come criancinhas nas ruas.  Só nas ruas.
 Ouvi dizer  que nem gosto tem esse vinho. Nem abre o apetite, por isso é bom tomá-lo depois que já comeu tudo o que tinha que comer.  E se não tiver nada pra beber, bebe ele mesmo. Na falta de um pior esse tá bom demais.  É do tipo:  “comer insosso e beber salgado” Onde será que eu li isso?


Veja só Flaudinho, em falando comigo mesmo, me adoro nesse episódio,  aqui em Flaudilândia também tem pão e vinho, como lá naquele cacho da árvore. Só que se faltar pão nós vamos de panetone mesmo.

Vamos lá! As fraldas estão prontas, a chave está dentro desta que eu já estou usando, vou deixar a janela um porquinho só aberta para refrescar o ambiente, vai que naquele cacho o negócio pega fogo, aí quando eu voltar da minha visita lá na árvore, aqui vai estar quente  que só, parecendo um inferno.

Aquela dona vai ligar quantas vezes ela quiser, não estou nem ai para atender ninguém agora.  Conferindo: biblioteca trancada, chave dela em meu poder, janela só um pouquinho aberta, telefone desligado da parede, agendas ... ah...

Livro da árvore, aí vou eu! Vou pegar outro lado, esse primeiro que eu peguei passei por uns homens fardados de quem eu não  gostei nadica.  Se quiserem encrencar comigo novamente, dou-lhes um bicudo e eles vão ver com quantas violências a gente ganha uma parada para subir, ainda que seja na árvore.

Vou pegar o lado de trás. Nossa! Que escuro é aqui! Acho que o sol não bate nesta página ainda, mas daqui a pouco bate.
Oh! Oh novamente!  Que cacho mais interessante de gente interessante, gente!?  Vou bater um papinho com eles:

_ Oi, pessoal interessante! Cavalo na árvore é interessante também! Hum... vou pensar baixinho, o homem do cavalo tem cara de mau!

_ Quem é você, criatura estranha? Quer o que aqui no meu cacho, seu mongol?

_ Hô,hô – igual ao papai-noel- não sou mongol, seu japonês, sou flaudilandense,  理解? Não entendeu? Vai para onde com esse cavalo branco? Por acaso é figurante de alguma peça infantil, essa sua vestimenta aí é de Príncipe Encantado?

_ Não, criatura burra! Essa é minha vestimenta de guerra, seu ignorante!

_ Oh, bonita indumentária, seu guerreiro! Ô! Oh, hôó! Óó´! Guerreiro? Eu disse guerreiro? Vôte cobra! E aí, gente boa, guerreia com quem? Essa gente japonesa aí, é tudo parente?

_ Não sou japonês, criatura imbecil! E o que é isso na sua barriga? Uma corda para se enforcar?

_ Não! Esse é o meu cordão umbilical,  é que eu nasci ontem, sabe! Ai eu não achei nenhum instrumento para cortá-lo, acabei gostando dele e ele vai ficando por aqui mesmo, pendurado na minha barriga. Gosto dele, me identifico com ele. Gostou? Chama a atenção, né!?

_ Vem cá, seu muleki, que eu te corto esse cordão na foice!

_ Não! Não! Deixe aqui o meu cordão, quando eu voltar lá para os meus telefonemas, eu providencio o corte dele. Mas por enquanto ele ficará comigo. Estou subindo esta árvore,  não quer subir comigo também?

_ Vai pra onde, seu fuinha, projeto de estrume mal evacuado?

_ Eu, heim! Vou alguns séculos pra cima. Lugarzinho interessante. Vai acontecer uma pelada lá. Vou assistir de cima desta árvore. Vou aí, me leva na garupa desse seu cavalo bonito. Ai!

_ Que você idade tem, muleki idiota?

_ Uai, eu nasci ontem. Tenho um dia e algumas horinhas bem vividas. E o japa, que idade tem?
_ Não sou japa. Tenho idade média, isso já responde tudo, não adianta eu te explicar, burro como aparenta ser não entende nada mesmo.

_ Eu, heim! Então não é  um japa? Mas tem olhinhos  riscadinhos, riscadinhos, bem muidinhos mesmo.   Tem nome, pelo menos. Ah, o meu nome é Flaudinho.

_ Há há há há há! Com esse nome acha mesmo que é alguma coisa? Você sabe com quem você está falando, seu burro?

_ Eu, heim! Não, me daria a honra de dizer?

_ Gêngis, o globalizador! Atualmente, pluralizador, como a sua burrice permitir. Aliás, tem cara de burro, jeito de burro, fala como  um burro... Prefiro o meu cavalo. Com ele ganhei muitas batalhas.

_ Eu, heim! Imagino quantas batalhas já venceu. Com esses coices bem dados, não há batalha que não seja vencida. Aliás, nada como um bom cavalo como professor para vencer batalhas. É pena que as qualidades dos professores vão diminuindo conforme vamos descendo os galhos da árvore.  E aí? Vai querer subir comigo para  ver uma pelada?

_ Olha, muleki, apesar de burro, até que gostei de você! Vou aceitar o seu convite para ver essa pelada. Uma oportunidade dessa a gente não pode perder, não é mesmo?  Mas antes tenho que dar água para o meu cavalo. Onde podemos achar água por aqui? Sabe me informar?
_ Ah, por aqui, nesta altura da  árvore não tem água doce não. Tem  um monte de mar por aí, mas não sei se o seu cavalo, inteligente como ele é, vai querer beber. Mas se subir mais um pouco tem vinho, dá vinho pra ele, quem sabe ele gosta?

_ Quer que eu te pique com a minha espada, seu imbecil?  O meu cavalo é sangue puro, só toma Sangue de Boi. Lá tem dessa marca?

_ Sei não, senhor! Mas em Flaudilândia  tem... tem....(engolindo seco, melhor ficar quieto) tem água sim senhor. Vamos descer mais um pouquinho que nós alcançaremos o Ribeirão Baguaçu e o seu cavalão vai matar a sede dele, abastecer o bucho como se fosse um camelo, aí nós subiremos a árvore novamente pelo caminho dos fardados, fazer o que, né! Já perdi a metade do tempo com esse,  digo, com o senhor, seo Gêngis! Mas o senhor tome cuidado para o seu cavalão não sair pisando nas cabeças dos povos de outros cachos, senão nem no ribeirão conseguiremos chegar vivos. Tem gente de todos os tipos nos cachos dessa árvore. Até o senhor, por exemplo. Estou surpreso por conhecê-lo. O senhor é gente muito booooa!

_ Cale a sua boca! Burro não fala, apenas zurra.

_ Hô, Hô! Chegamos no baguaçu! Dê de beber ao seu cavalo... mas cadê... cadê...

_ Cadê a água, seu muleki de uma figa!? Me fez descer até aqui para não encontrar água alguma?

_ Hô,hô, de novo! A água estava aqui, acho! Pelo menos tinha que estar. Vai ver secou... (olha a cara do Flaudinho kkk)

_Cadê a água, muleki?
_ O boi bebeu! ( olha a cara do Flaudinhokkk)
_ Cadê o boi, muleki?
_ O boi? O boi... se finô!  Caiu no poço e no poço se afogou!? ( olha a cara do Flaudinho kkk)
_ Cadê o poço, muleki? O que eu vou fazer agora, muleki, para matar a sede do meu cavalo?
_ Então... esse poço... é um poço muito limpo e de água cristalina, vamos lá? Olha lá ele com o boi dentro!(olha a cara do Flaudinho kkk)
_ Nossa, muleki! Por que esse boooooiiii não foi  afogar o rabo dele na água de uma piscina?

_ Então, sabe por quê? ( kkk olha a cara do Flaudinho) A piscina está no capítulo anterior, mas secaram ela também, para não afogarem os ratos, entende?

_ Vou te sangrar, seu verme horrendo de uma figa. Arrume água agora para o meu cavalo antes que eu esperneie junto com ele.

_ Olha ali, está vendo logo ali adiante? Tem uma barraca que vende galões de Aguamanguaçá!  Vou lá, pego um galão e volto já já. Vai perando aí, seu Gêngis.

_ Lugar ajeitadinho esse aqui, né não meu cavalinho velho de guerra!? Que seria de mim sem esses seus coices que me ajudam a vencer batalhas? Como você é importante na minha vida, cavalinho, meu grande amigo. É... importante mesmo é ter sempre um cavalo amigo  que nos carregue, do que um asno que nos derrube. Lá vem o burro de carga carregando o galão de água. Está pesado, muleki!? Vamos, traga logo que estamos com sede.

_ Aqui está! Demorei um pouco porque sinto muita dor no meu pulso, ele está quebrado. Mas eu aguento.   Pega aí a sua espada e abra o galão, porque eu não tenho nenhum instrumento de corte comigo. Comprei fiado, água cara pra caramba, viu! Marquei na conta do meu pai, o Fudêncio Mor...

_ Há há há há, como um pai pode ter um nome desse? KKKKKKKKKKKKKKKK
O que o seu pai faz nessa cidade? E por que o seu pulso está quebrado?

_ É o fundador dela, toma conta de tudo. Ele é admirado, respeitado por todos. Ele é um guerreiro de verdade. Serei como ele, igualzinho a ele e aos meus irmãos mais velhos que já adquiriram experiência para ser tornarem um guerreiro de respeito. É por isso que eu aguento o meu pulso quebrado, a dor nos fortalece nas guerras. Serei um guerreiro. É, mas a população de Flaudilândia o  chama de Flaudêncio Mor. Ele registrou assim no cartório eleitoral, mais fácil para o povo memorizar.

_  Escuta, muleki!  Que guerreiro é o seu pai que deixou a água do ribeirão secar, e você, um filho, braço quebrado dele, ter que comprar água em galão para uma visita!? Vocês não bebiam a própria água que jorra da sua terra?

_ Então... nós ... é... mas essa água do galão é a mesma do ribeirão, só muda o nome dela. È que o ribeirão precisou ser desviado no seu fluxo, para correr em outros terrenos, porque os bois, o senhor mesmo viu, estavam bebendo demais a água por aqui. É isso. O meu pai pensou certinho, certinho. Desviar o curso da água para protegê-la. A única intenção do meu pai é proteger a água contra as investidas dos bois. É que ele não queria ver sangue de boi derramado.  Pronto! Agora vamos para os galhos de cima, pô!?

_ Conversa mais ensaiada, mulekei. Todos os burros decoram para responder, coisa de burro mesmo.

_ Bebeu tudo, cavalinho...   Nossaaaa! Que coice! Depois que aproveita o produto, coiceia a embalagem? Mais que coisa mais feia de  cavalo mal educado, sô?

_ Já viu algum cavalo ter educação, muleki burro?

_ Não, nunca  tinha nem visto um cavalo de verdade. Esse parecer ser o primeiro da espécie. É genético  seu Gêngis? Agora vamos subir logo nessa árvore que eu preciso ver  uma pelada  lá em cima.

_ Sobe na garupa, muleki, que a pelada nos espera.

_ Uuuuu huuuuu!  Cavalinho alazão, pocotó de uma figa, vamos para a pelada...


O texto continua...

4 comentários:

  1. Mas o tal de Flaudinho....onde vc se inspirou pra compor esta praga?
    Ou melhor, em quem?

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  2. Uma conflausão! Tremenda... Agora entrou o Gegiscão com o cavalo do dom Chicote? A pelada quando assistiremos? ab luza

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  3. Essa Flaudilândia tá cada vez mais divertida...

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  4. Eu não sei se meu próximo texto será sobre "Pilantragens Políticas"... "Pornografia em Flaudilândia"... "Pedofilia"... ou "Ressacas vinícolas cristãs"... Uma salada mental... Tentarei desvendar, mas nessa trama toda... diversão nas entrelinhas... é o que não falta!
    Bj. Célia.

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