CIA DOS BLOGUEIROS


quarta-feira, 11 de abril de 2012

SANTA CASA, CASA SANTA E O ANGU COM CAROÇO

FLAUDILÂNDIA – UMA CIDADE SERIAMENTE GOZADA

 PRIMEIRA NOVELA BLOGAL

SANTA CASA, CASA SANTA E O ANGU COM CAROÇO

Décimo capítulo

De onde será que saiu tanta água para aquele barcão se perder daquele jeito, com tantos animais e a família toda dentro dele.  Será que é isso que se chama nepotismo? Neo putismo, do jeito que um bicho come o outro lá dentro só pode ser isso.  Isso tem cheiro de cachoeira, essa coisa de desnortear o rumo, deixá-lo à deriva. Perder o rumo do próprio rumo dá nisso. Caíram  na árvore genealógica. Eita sementinha danada de tranqueira  que plantaram para a civilização Flaudilandense ter que dividir.
As células, onde foi que eu li sobre isso mesmo? Ah, isso não importa. Essa árvore está cheinha de células, penduradas em cachos, boas ou ruins cada organismo é que poderá responder de acordo com o seu funcionamento, com a sua estrutura. Flaudilândia não seria uma célula? Não! Não! Flaudinho. Eu sou uma célula de Flaudilândia. Cara, quase que você assina embaixo heim: Burro, igual aquela que não para de ligar aqui. Voti! Vou parar de pensar nisso,  senão daqui a pouco o telefone toca novamente e é ela procurando alguém que conserte os encanamentos dela. Criatura mais besta, essa dona!
Oh, noite bonita! Cidade quente pra diacho! Só lendo mesmo outro livro. Que será que eu acho de interessante aqui. Vejamos...


_ E ai, o moleque já abriu o bico? Revelou alguma coisa nova? Você não conseguiu arrancar nenhuma informação relevante  daquela coisa estranha? Acho que ele acertou em cima quanto te deu o nome de Burra, combina com você!

_ Não! Ainda não consegui  informações concretas. O garoto é meio atrapalhado. Nasceu com a síndrome  da responsabilidade. Até hoje, esse foi o mais atrapalhado que apareceu no atendimento.

_ E os dois gêmeos anteriores. O que foi feito deles?

_ Ué! Eles cresceram, acompanharam o ciclo. Mas daqueles não dava para arrancar nada, por  serem gêmeos dividiram o cérebro ao meio, nasceram com a metade do cérebro cada um. É só o que eu sei.

_ Ele já conseguiu ler o manual?

_ Não! Acho que não conseguiu chegar na página 11. Chegar na página 24 será quase que impossível. O garoto está crescendo muito rapidamente. Não demora sairá do atendimento sem ler  poucas páginas  do manual dele.

_ Hum... sei não! Ando desconfiado dessa sua lerdeza em conseguir arrancar alguma coisa dessa criatura estranha.  Ligue novamente.  Vamos impedi-lo de dormir. Ele já se alimentou hoje?

_ Não! Ainda não conseguiu nenhuma refeição. Acha  mesmo que tem que ser um guerreiro, sofrer penalidades e resistir a fome e a dor para conseguir ser um guerreiro como o pai dele é e os irmãos mais velhos também são.

_ E o que você acha sobre isso, sua Burra KKKKKKKKKK ? Não é assim que ele te chama? E o umbigão dele, já cortou?

_ Eu ainda não acho nada. Acho que ele é meio atrapalhado. Mas estou fazendo o meu trabalho. Fique tranquilo que  eu vou dar conta de fazer o que tem que ser feito.  Ele já disse que gosta do  umbigo daquele jeito.


Trimmmmmmmmmmmmmmm

_ Mas a esse horário?

Trimmmmmmmmmmmmmmm

_ Cadê o manual. Estou com vontade  de jogar esse manual pela janela.

Trimmmmmmmmmmmmmm

_ Alô! Aqui é da empresa do Flaudêncio. O meu pai está dormindo e os meus irmãos também. Quer o quê?

_ Oi Flaudinho? Você sempre atende na terceira chamada?

_ Hii! É aquela dona novamente? Vem cá, dona! A senhora não sente sono, não?

_ Você não respondeu a minha pergunta. Atende sempre na terceira vez que o telefone toca?

_ É, atendo! E daí? Aqui é a empresa do Flaudêncio, se esqueceu disso? Até a terceira o trabalho é sério, por isso atendo na terceira.

_ Hã? E depois da terceira?

_ É gozação, dona! KKKKKKKKKk

_ Eu não entendi isso. Mas Flaudinho,  você me disse que você nasceu dentro de uma biblioteca. Qual foi o primeiro livro que você pegou para desfrutar da leitura. Você se lembra dele?

_ Xi! Não me lembro do nome porque eu nem li a capa direito. Mas eu rasguei algumas páginas e fiz fralda com elas.

_ Ai, ai! Por que fez isso, menino!? Qual foi o livro que deixaram à sua disposição?

_ Peraí, vou ver, ainda está  em cima da minha escrivaninha. “Memórias Póstumas de Bras Cubas” , de Machado de Assis. Se a senhora soubesse ler ia recomendar a leitura, mas é burra demais para isso. Então, vai passear, tenho coisas mais importantes para fazer do que aturar a senhora. Suma!

_ Flaudinho, você é tão inteligente, esperto, consegue fazer coisas que até hoje, na história da humanidade, eu não tinha ouvido alguém dizer que fez. E você fez. Entre dentro desse livro também, como você faz com a árvore genealógica. Converse com os personagens. Tem ali um emplasto, quem sabe você não o desenvolverá a contento e agradará a sua sociedade, ou então usá-lo como medicamento para consertar o seu punho quebrado. O que acha? Você vai precisar arrumar esse punho antes que seja tarde. Você precisará desse braço para sobreviver.

_ Acho que a senhora é uma idiota!

Tummmm      tummm           tummmm

_ Desligou na minha cara novamente. Não sei se eu o amo ou se eu o odeio. Criatura do cão! Não peguei nenhum infeliz como ele ainda. Até você nascer as perguntas eram respondidas e nós íamos costurando os fatos. Inferno de moleque, inferno de família que tem filhos um atrás do outro, um mais deformado do que o outro, mais complicado do que o outro, mais tranqueira do que o outro, mas igual a esse... Tenho que arrumar um jeito de o infeliz dar os significados desses números antes que coloquem outros métodos em prática. Vou ligar novamente.

Trimmmmmmmmm

_ É ela, tenho certeza!

Trimmmmmmmmm

_ Vou deixar tocar mais um pouquinho

Trimmmmmmmmm

_ Adivinha quem está falando?

_ O Flaudinho, acertei?

_ Não digo que na mosca porque aqui não tem esse inseto. O ambiente aqui é mais do que limpo. Essas criaturas não rondam o nosso ambiente. Não  atrapalham o serviço.

_ Flaudinho, já está quase amanhecendo. O sol vai aparecer e a escuridão vai atravessar o outro lado do planeta. Quero que você durma um pouquinho, precisa recuperar as energias que você perdeu durante esse seu primeiro dia de nascido. Posso cantar uma musiquinha para você dormir?

_ Hum... Mas isso não é para as mães fazerem para os seus bebês?

_ Sim, Flaudinho, mas a sua mãe deve estar muito ocupada agora, portanto, meu querido, vou cantar uma musiquinha pra você, até que pegue no sono.

_ Hum... posso me deitar aqui no chão? Espere um pouquinho, vou ver se o fio do telefone chega até no chão. Hã! Pronto, chegou! Agora pode começar a sua musiquinha. Vou chupar o meu dedinho tá?

_ Tá! Lá vai: Bicho papão/ de cima do telhado/ deixa o Flaudinho/ dormir sossegado...

_ KKKKKKKKK  há há há há há há!     Dona! A senhora além de burra com  erres maiúsculos, é a mais atrasadas que eu já vi na história do “nunca antes na história” das  cantigas de ninar tinha ouvido tanto atraso. A senhora acha mesmo que em Flaudilândia, com a potência que ela é, ia ter algum bicho papão em cima do telhado ?? KKKKKKKKK
Só mesmo morrendo  KKkk    de rir       há há há.
Ai, ai, dona.

_ O que foi Flaudinho, não gostou da minha canção de ninar?

_ De ninar? Isso é para despertar!    Além do mais aqui não tem papão, mas tem um primo meu, ele é o Papinha, vai viver a vida toda comendo mingau, porque o angu dele deve ter muito caroço. Perdeu quase todos os cabelos por causa de um outro primo meu, que é português, o Joaquim.

_ O que tem a minha canção de ninar com esse  angu de caroço, Flaudinho?

_ Dona, eu não falei angu, falei mingau. E não me desminta.

_ Ok, vou fazer de conta que uma coisa não tem relação com a outra.

_ Não tem, mas o Papinha e o Joaquim têm relação um com o outro.  O Joaquim, que é português,  ao invés de  abrir uma padaria, abriu uma Santa Casa.

_ Ai, ai, Flaudinho? Como uma pessoa abre uma Santa Casa? E tem outra, você me disse anteriormente que todas as empresa ai são do seu pai.

_ E são mesmo, mas o meu pai deixa o portuguinha tocar esse negócio dele. O negócio do meu primo Joaquim é ver a casa   cheia. Quer casa mais cheia do que uma Santa Casa?

_ Não entendi?

_ Porque é burra mesmo. Santa Casa cheinha de santos. Ele quer encher a casa com mais santos ainda. Aí o meu outro primo, o Papinha, concordou em dar uma mãozinha para ele. Só que os dois sabem muito bem que esse negócio de encher a casa de santo custa caro, por isso resolveram, desde lá atrasão  - isso significa um atrás bem lá longe- , eles vêm economizando nas refeições. Por isso só servem angu. Por falta de bons funcionários para mexer o mingau, ele fica cheinho de caroços. E o Papinha ajuda a descer goela abaixo, nem estão aí com a opinião de quem não gosta de  angu e nem de mingau. O cardápio quem decide são eles mesmos, ou o Papinha ou o portuguinha.  E quer saber? Como a senhora não é da nossa população vai calando a sua boca que aqui ninguém quer saber o que a senhor pensa, aliás,   burro não pensa, carrega santo  em procissão. 
Essa canção de ninar que a senhora desenterrou é a morte pra eles.  Quer um conselho? Vai dormir  antes eu a senhora vire ingrediente de angu.

Tum  Tum  Tum  tum  Tum  Tum 

_ Bicho papão no meio da multidão/ Deixa o Papinha  ajudar na votação/
Bicho Papinha vai acabar careca/ se ajudar portuga sentar em cima da meleca.

Até que eu gostei da musiquinha. Mulherzinha besta, pensou que eu fosse dormir?

Continua...
Rita Lavoyer

2 comentários:

  1. A cada capítulo renovo a esperança de dias tranquilos em "Flaudilândia", mas desisto! Veja só:
    - A genética “cachoeira” transformou-se em “cataratas flaudilandenses”...
    - Vale refeição por lá virou água, ops... sopa mesmo! Ou mingaus... difíceis de engolir...
    - Agora, “bicho papão” adora papar outros cardápios em gabinetes...
    ... e a população (?) óóóóóóó...
    Bj. Célia.

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  2. Querida KabRita,
    Numa "santa casa portuguesa"
    fica bem...
    Angu de caroço sobre a mesa,
    E se ao telefone, insistente
    toca alguém...
    Senta-lhe no coco o manual
    Imediatamente.
    Santa loucura, onde todos são perdoados, até eu - espero...
    Luza

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