CIA DOS BLOGUEIROS


sexta-feira, 27 de abril de 2012

O RATO ROEU A REDE DO REI RARTUR

continuação...

FLAUDILÂNDIA – Uma cidade seriamente gozada
 A primeira novela blogal

Décimo segundo capítulo

A RATO ROEU A REDE DO REI RARTUR




Trimmmmmm

Ah, mas eu nem acabei de descer e esse telefone já está tocando. Que horas deve ser agora. Tão cedo assim, deve ser trabalho muito importante.


 Trimmmmmmm

Peraí, já estou chegando! Manual, cadê você!  Oh, raios solares, porque não queimam logo esse maldito manual?

 Trimmmmmmmmm

_ Alô!
_ De onde fala, por gentileza?
_ Uai! Ligou pra cá e não sabe de onde fala?
_ Flaudinho, é você?
_  Preste atenção, dona. Eu já memorizei o tom da sua voz. Eu estou começando o meu segundo dia de vida. Subi na árvore para saborear o nascer do sol, o perdi por minutos. Vai começar uma pelada lá  com duas figuras interessantes eu eu não quero perder por nada nesta minha curta vida de um dia e algumas horas, entendeu? Se sim, vai desligando o telefone porque eu preciso despachar os serviços dos meus irmãos e do meu pai. Aqui o dia de trabalho começa cedo e não vem dizendo que está com os seus encanamentos entupidos, quebrados, estropiados  ou seja lá que diabo está encrencando o seu funcionamento que eu não vou agendar parente meu para trabalhar para a senhora, porque além de burra no último grau, é chata que dá nos nervos. Nunca antes na historia do atendimento aqui na empresa do Fudêncio, digo, Flaudêncio alguém ligou tantas vezes num dia só, do que a senhora. Vá catar azeitonas sem caroços no raio que a parta!

_ Flaudinho, me ouça! Tudo bem se não tiver ninguém para arrumar os meus encanamentos,  como você diz, não está no plural, você que se antecipou para colocá-los... é o meu encanamento...
Ontem eu liguei várias vezes sim, porque me identifiquei demais com você. Sério! Você me cativou tanto que quase nem dormi esperando que o dia clareasse para poder conversar novamente com você.  Estou preocupada. Você nasceu ontem, ainda não se alimentou. Já cortou o seu cordão umbilical?

_ Dona, preste atenção em mais essa afirmativa bem afirmada que eu vou lhe responder: Não vou cortar o meu cordão umbilical coisa nenhuma! Ele é a minha identidade. Gosto dele. Nasci com ele. Ficará aqui em mim até que eu resolva tirá-lo. Isso se eu resolver, coisa que passa longe do meu pensamento. Vai desligando que está bloqueando a ligação de futuros bons clientes para Flaudilãncia. Zarpa daqui, mulher do cão!

_ Flaudinho, você dormiu à noite? Esse seu nervosismo pode ser falta de dormir. Já se alimentou?

_ Vá pro inferno, dona! Não lhe devo satisfações. Além do mais tenho que voltar logo lá para a árvore genealógica que eu vou assistir a uma pelada. Já  falei, ouviu ou a sua burrice lhe entope os ouvidos também?  Minha família já está se preparando para sair executando os seus serviços, Ouço-os   tomando o seu café da manhã agora. Hum... um cheirinho bom e gostoso de se ouvir, ver e sonhar.... Ai que fome a minha... Mas eu vou resistir. Tenho que ser um guerreiro como o meu pai é e os meus irmãos mais velhos também são! Salvo a minha dor de punho que me enfurece, mas isso é bom , fortalece o meu espírito que se desenvolve para eu ser um verdadeiro guerreiro. Quero dar orgulho ao meu pai e aos meus irmãos. Serei o guerreiro Flaudinho.

_ Mas Flaudinho, se estão todos aí da sua família tomando o café da manhã, por que ainda não lhe serviram nada até agora para você comer? Cadê a sua mãe? O seu pai, você já o viu? Você já conheceu o seu pai, Flaudilho? Ele já veio conhecer a sua feição neste teu berço bibliotecário onde você nasceu?

_ Dona, nunca antes na história do nascimento dos filhos do meu pai, ele precisou vir assistir  a feição de um filho recém-nascido de um dia ou seja lá de quantos dias  eles tenham de vida. Filho de Fudêncio, digo, vulgo  Flaudêncio, não precisa conhecer o pai. Sabemos desde que nascemos o quanto ele é ocupado em seu ofício de Fundador Mor de Flaudilândia. Ele corre em minhas veias, por isso eu o sinto, eu o vejo, eu o toco. Flaudêncio Mor  está em mim. O meu rápido desenvolvimento me faz vê-lo como ele já é! E pronto, sua intrometida!

_ Flaudinho, colocando as suas informações aqui na minha cabeça, estou processando-as para poder entendê-las. Se você está vivendo sensações incríveis nesta árvore genealógica, e se a árvore está dentro de um livro. Você tem acesso livre dentro dele e sobre a árvore, entendo que você não precisa se apavorar, porque não vai perder nada absolutamente. Quando você fecha o livro a história congela no ponto em que você parou. Não é isso?

_ É nada, sua anta! Não preciso das suas explicações não, sua burra! Ah, e desde quando burra tem cabeça para processar informações que eu transmito?

_ Ah, Flaudinho. Você ainda não perdeu totalmente o nascimento do Sol. Abra a sua janela que ainda dá para vê-lo subindo e clareando Flaudilândia.

_ Como é que sabe? A senhora está aqui para ver da minha janela a posição em que o sol de apresenta?

_ Não... Aqui da minha cidade, que é bem próxima à sua, ele começa a apontar a sua cara. Calculo que na sua cidade a posição do Sol seja a mesma que na minha cidade, então, Flaudinho, vá para a janela. Abra-a exageradamente para renovar o ar dessa biblioteca onde você se encontra. O Sol precisa clarear ai dentro, esquentar esse ambiente. Fará bem a você! Precisa pegar um pouco de sol, Flaudinho!

_ Pois, é!  Olha só o beneficio que eu fiz para a senhora lhe enfiando aquele panetone goela abaixo, quando eu o passei pelo panefone. Já está até fazendo cálculos! Não foi bom o panetone lá do bairro  dos Mestres? A senhora sabe que eu estou com uma preguicinha...

_ Então, Flaudinho, ainda estou com o cheiro do seu panetone no nariz. Mas... abra a janela e deixe o sol esquentar o seu corpo. Ah, aquele arquivo, como é mesmo, uma arca? a N.A.P.O. Você me disse tratar-se de um arquivo importante para vocês de Flaudilândia, não é mesmo?

_ Não me lembro de ter dito nada disso pra senhora. Está inventando tudo isso. Aliás, esse arquivo fica bem no meu da biblioteca. Deve ser mesmo muito importante para Flaudilândia. Minha família deve ter muito apreço por isso. Pare um baú, uma arca, sei lá! Dever ser muito valiosa, é feita com pedras preciosas. Mas não me interessa saber o que tem dentro dela. Quero voltar para árvore e assistir logo aquela pelada. Tem um menino lá que toma vinho logo de manhã. Isso é  um crime contra a criança!  Tem outro lá que  não vai às aulas de Artes Plásticas. Um tal de Pôncio Picasso. Não o vi ainda, mas o menino do vinho combinou que vão faltar hoje na escola, contaram que estavam passando mal, os dois. Tô doido para ver isso! Deve ser um jogão de  bola. Vou ficar bem escondidinho em cima da árvore.

_ Flaudinho, o jogo vai ser transmitido pela televisão?

_ Não dona, o meu pai anda meu chateado com esse negócio de televisão. Um irmão meu foi dar uma entrevista e acabou complicando  o nome da nossa família quase que inteirinha.

_ É mesmo? E qual o nome do programa que ele foi dar entrevista:

_ Rede do rei Rartur.

_ Isso é o que? O nome de um livro que você está lendo?

_ Eita, mulher burra. Acabei de falar que é um programa de televisão.  Rartur é o entrevistador. A mesa dele é meio redonda.

_ Hã! E quem é o seu irmão, um cavalheiro do rei?

_ Xi! Mas a senhora faz uma confusão com história né!? É assim, o meu irmão, voltando um pouquinho para trás na história do meu irmão. Vive deixando o meu pai de  cabeça quente. O meu pai sempre diz: “ Ah, esse meu filho não se emenda mesmo!”

_ Um momento, Flaudinho! Qual o nome do seu irmão?

_ Barbie Érre.

- Isso é o nome dele ou apelido?

_ Preste atenção. Deve ser da sua época. Pelo jeito a senhora é velha pra burro! As canções do Carequinha, aquele palhaço famoso. Então, o meu irmão, esse em referência gostava muito, digo, ainda gosta muito, do palhaço, aliás de palhaços em geral. Ele gostava muito de uma faixa do LP do palhaço, que não é CD pirata. É assim a música:

...Roque, roque, roque, roque, roqueeee/
É o rato e a ratinha namorando/
Roque, roque, roque, roque, roqueeee/
É o rato e a ratinha se casando...

Esse meu irmão adora essa canção, mas ele queria mesmo era fazer encenações da música com ratos. Todos os ratos da casa fugiam dele. Então ele pegava as bonecas das minha irmãs para fazer de conta que as bonecas eram os ratos que ele gostaria que estivessem nas mãos dele. 
Ai o meu pai ficou muito bravo. Mas não teve jeito. O meu irmão, esse que gosta da música do palhaço, pegou as bonecas e registrou nelas a letra “R” bem grande - deve ser  ‘R’ de rato né! E o meu pai e os outros meus irmãos reclamavam dele: “Esse menino não se emenda, esse menino não se emenda!”
 Apelidaram-no do Roque Barbie Erre ® por causa da música e das Barbies com ‘R’ que ele registrou nas bonecas. Aí, o assunto tomou dimensão, por causa desse programa do Rei Rartur, que o meu irmão foi contar esse fato da vida dele. Dona, nem te conto nada pra senhora. O meu irmão caiu na rede desse Rei. Esse programa do Rei Rartur foi transmitido para bem longe, até os meus pentavôs, tioavôs e descendentes, aqueles que usam túnica branca e ficam falando em praça pública contra os sofistas, assistiram e telefonaram para o meu pai; dizendo: “ onde já se viu um  sangue puro de Fudêncio não se emendar?”  Juntaram todos e decidiram  enviar um monte de ratos para  roer essa tal rede.
Mas... o meu pai, que é um bom pai de verdade e não abandona filho seu, abraçou o meu irmão, defendendo-lhe a causa. Mas o meu pai ficou muito bravo também. Como vingança, pegou  uma jaca e carcou na cabeça desse Rei Rartur. Ele desmaiou, perdeu o sentido mesmo. Quando acordou começou a falar uma língua diferente. Até botaram um vídeo com ele no Youtube. Ele põe um papelzinho na boca e ensina as pessoas a falarem a língua diferente dele. Pronto! Foi a gota! O cara ficou famoso de repente. Aí o mundo inteiro conheceu o cara.
Mas não bastou  roer a rede, decidiram secar a piscina da casa dele, precaução. Vai que ele pega mais alguém nessa rede dele, amarra bem amarrado e depois joga na piscina, lá num rancho que ele tem, um tal de condomínio Ventura, a senhora sabe onde é? já ouviu falar nisso?
E o meu irmão óóóóóóóóóó´! Tadim dele, um Fudêncio de verdade não abandona a sua causa. Ele assina “Barbie Erre” certinho, com raça.

_ Há há há há há há! Isso tudo acontece aí em Flaudilândia e eu nem assisto a TV. Passou até na cidade onde os seus antepassados vestiam túnica e eu não sabia disso, logo aqui, vizinha de vocês!

_ Gente atrasada como a senhora não sabe de nada mesmo. Lê jornal, pelo menos? Ah, me esqueci de perguntar, a senhora usa óculos, binóculo ou microscópio?

Tummmm   tummm   tummm

_ Eita,  mulher grossa, desliga na minha cara logo cedo. Melhor mesmo, porque o telefone já vai começar a tocar solicitando os serviços do meu povo e eu quero encher logo as agendas dele porque estou doidinho para subir na árvore novamente e assistir a pelada daqueles meninos .  Poncio Picasso, qual será o nome do outro?

Continua....

Rita Lavoyer




2 comentários:

  1. Mandarei um presente para nosso amiguinho Flaudinho: eficientes e modernas ratoeiras para exterminar a troupe que por lá mandam...
    Bj. Célia.

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