CIA DOS BLOGUEIROS


sexta-feira, 16 de março de 2012

DIDADOR

FLAUDILÂNDIA – UMA  CIDADE SERIAMENTE GOZADA

A PRIMEIRA NOVELA BLOGAL

DIDADOR 

SEXTO  CAPÍTULO DA NOVELA DO ANO.


Então vamos ver como é que escurece nesta cidade. Um entra, outro sai, pega agenda, outro tchum, outro nem tchum. Cadê a minha mãe, a Dasdor?  Esse meu primeiro dia de nascido foi um porre. Já está escurecendo, espero que ninguém mais volte a ligar pra cá, preciso dormir, se é que eu vou conseguir dormir com tanta fome me matando, sem falar nesse cordão umbilical que ainda não arrumei uma forma de cortá-lo.  Não vou ler mais nada por hoje.  Chega! Não demora  vou falar fluentemente o Esperanto. Mas esse livro da árvore é uma graça... Não fosse esse meu punho doendo tanto  eu o pegaria mais vezes e faria uma devassa dentro dele. Olha só essa página amassada aqui. Pendurada num galho uma serra. Pra que será uma serra nessa árvore? Já sei, sou esperto. Essa serra é a serra serra serrador , serra o papo do doutor. Mas não é o papo que se serra aqui não,  deve ser o bico de alguma ave que assombra gente que vive pendurada num desses cachos aí.  Talvez serre o bico de algum pica-pau KKKKKKKKK, pra nenhum bicho de bico vir aqui dizer que a árvore é propriedade privada KKKKKK.

Trimmmmmm 

_ Pô! Mais nem no lusco-fusco esse telefone não dá folga?

Trimmmmmmm
_ Manual... Cadê o manual  ???????
Tá aqui!

Trimmmmmm

_ Alô!
_ De onde fala, por gentileza?
_ Uai! Ligou pra cá e não sabe de onde fala?
_ Flaudinho, é você?
_ Uai, quem é que está falando, que consegue descobrir quem está do lado de cá?
_ Flaudinho, sou eu! Eu liguei para ...
_ Ah, é a dona!? A senhora disse que voltaria e voltou mesmo, heim! Mas disse que ligaria amanhã. Estamos no final do dia e a senhora já ligou pra mais de um bocado de vez.  Mas já vou dando o recado do meu pai. Estamos com visita importante aqui e não podemos interromper a reunião da família. A senhora ligou no dia e hora errado. Passar bem!
_ Não, Flaudinho, meu querido. Não desligue, preciso tanto conversar com alguém, pode conversar um pouquinho comigo?
_ Está pensando que aqui é centro de reclamações, perturbações, chiliques e afins?
_ Eu fiquei pensando sobre o que conversávamos no último telefonema, sobre os pratos típicos da sua cidade. Agora, por exemplo, vocês estão com visita em casa. Quando vocês recebem uma visita, qual prato vocês servem a ela?
_ Está querendo saber por quê?
_ Flaudinho, meu querido, estou precisando de alguém que conserte o meu encanamento, entende?
_ Tá pensando que eu sou burro, dona?   Claro que eu entendo. A senhora está com o encanamento quebrado, e faz tempo, não é? Olhe, dona, não leve a mal minha verdade, mas é que a senhora é tão burra que não vai arrumar alguém com facilidade pra dar um jeito no encanamento da senhora, não!
_ É,  Flaudinho, mas é que eu só consegui decorar o número daquele telefone que você me deu, lembra-se do primeiro capítulo? Por isso eu não ligo para outro lugar, só consegui decorar o número do telefone da sua empresa.
_ Viu só, dona! Quando eu digo que a senhora é burra, tô certinho da silva.  Mas não vamos fazer serviço hoje. O meu tio, cunhado do meu pai, irmão da minha mãe, a Dasdor, chegou e estão com portas fechadas.
_ Bom saber que há harmonia na sua família. Geralmente os cunhados se estranham.
_ Ah, mas na minha família não tem isso, não! O parente  que o meu pai mais gosta é o cunhado. Ele diz que é o membro mais importante de qualquer família. É tão bom que a primeira sílaba de cunhado é aquela coisa.

_ Desculpe-me, Flaudinho, mas eu não entendi de novo. Qual é o nome do seu tio?

_ E o que é que a senhora entende, dona? De quando a senhora liga aqui não entende que não tem pessoal para atender ao seu pedido. O nome do meu tio? É Didador.

_ E de onde saiu esse nome, Flaudinho?

_ Ah, dona, ouvi mamãe dizer, a Dasdor, que a família dela é radical, por isso conservaram o radical ‘dor’ , são elementos fulminantes para exterminar o adversário.

_ Mas... adversário,  Flaudinho? Quem são os adversários se aí são todos  da mesma família, como você mesmo disse, é hereditário. A empresa é familiar, a cidade é fundada pelo seu pai...
_ Ah, dona, a padaria também é do meu pai. O açougue é o papai mesmo quem abastece. Tem carne fresca todos os dias. A senhora come carne?

_ Não, obrigada. Sou vegetariana.

_ Ih... já vi que além de burra é magrela. Só come verdura, hum... tô entendendo qual é a da senhora. No cinema tem a Mulher-Gato, a senhora é a Mulher-Bigato, a que só come verdura. Há há há há há há há há. Mas verdura não é mole?

_ Há há há há há há há. Ai, Flaudinho, você é tão divertido. Gosto tanto de conversar com você. E o seu tio Ditador faz o quê exatamente?

_Burra! É Didador!  Uai! É da família, mas é daquele que quase chega lá, quando está chegando...quase chega.  È o ‘biscoito’ interrompido, duas vezes interrompeu a chegada até lá... na cadeira.  Ai, o povo fica babando, esperando ele de novo, com aquela vontade, aquela vontade, a senhora entende? Não! A senhora não entende, é muito burra para entender onde eu quero chegar com a explicação.  Aqui em Flaudilândia ele é bem quisto.

_ Nossa, coitadinho dele! Se não tem cadeira para o Delator como faz as coisas, em pé?

_ Respeite o radical da família dona!  È Didador. Oh, dona! Estou começando a achar a senhora meio esquisita. Está querendo dizer o quê com essa pergunta  aí, de ficar em pé? Está achando que homem da minha família joga água pra fora?  Olha, dona, vá pegando o seu rumo que hoje eu não estou pra conversa. Daqui a pouco acaba a reunião lá dentro e vão sair para comemorarem em família o sucesso do assunto que eles resolveram.  Vão  comer pizzas.

_ Mas, Flaudinho, que assunto eles tratavam lá dentro, que você já considera um sucesso?

_ Ah, dona. O meu tio quer acabar com a dor dos outros. Vai trazer muitos médicos pra cá, pra Flaudilândia. Ele quer que em Flaudilândia tenha uma escola para profissionalizar essa espécie- de acabar com a dor- pra ninguém se esquecer do radical do nome dele e nem da família “dor” .  De qualquer forma será um sucesso.  Amanhã eu conto pra senhora tá?  A senhora promete que volta amanhã, dona?

Tum tum tum tum tum tum tum tum tum

_ Eita criatura casca grossa, essa aí! Precisa começar a comer chuchu, igualzinho o meu tio, o Aidemim.  Um  nome desse tira qualquer dor mesmo! Esse meu tio comeu tanto chuchu que ficou calminho, calminho e toma conta , calmamente, do estado de espírito todinho. Esse não vai precisar de doutor, nem está ai pra faculdade nenhuma que profissionalize  espécie que elimine a dor  dos outros. Aidenós talvez fosse um bom nome para faculdade de médico.  A dona nem quis  saber o prato que nós servimos para as visitas! Ela vai ver só amanhã, atendo mais nervoso ainda o pego ela pelo bico.

Rita Lavoyer


Continua... próximo capítulo   PANEFONE

3 comentários:

  1. ... bem, com esse radical... Flaudinho especializa-se em "call center", pois a cada desfecho telefônico... grande aprendizado! Urge que ele se resolva com seus problemas umbelicais e, assim libertar-se de uma série de entraves burocráticos familiares! Veremos nos próximos capítulos...
    Bj. Célia.

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  2. queria saber como é que eu, tendo seguido, não tava seguindo a Flaudilândia, bota cidade gozada nisso! r***
    Estava para comentar: Bolgal, novela blogal... Genial isso!
    Bjnhs

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  3. saboreando cada palavra e lambendo os dedos no final...
    Dita, Dida, ou sei la o que mais, não importa muito desde que seja concretado com "dor" no final. É TUDO NOME DE REMÉDIO MESMO: "Ei! tem Didador em gotas?"

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